Apostar em um futuro sem planejamento, jogado à pura sorte, definitivamente, não é uma estratégia inteligente. No entanto, uma parcela extremamente considerável da população brasileira prefere apostar nas famosas “bets” a aplicar dinheiro em fundos de investimentos públicos e planos de previdência, por exemplo.
É o que revelou o Raio-X do Investidor 2024, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Em 2023, 14% da população, ou seja, 22 milhões de pessoas fizeram, pelo menos, uma aposta nas “bets”, seja em jogos de azar ou em partidas esportivas. O perfil desse público é de indivíduos das classes A e B, de 16 a 27 anos de idade.
Por outro lado, títulos privados, fundos de investimento, títulos públicos e planos de previdência são usados por, apenas, 5%, 4%, 2% e 2% dos brasileiros, respectivamente.
O resultado é preocupante, na visão de Guilherme de Carvalho, sócio da Ávila Capital, referência nacional em investimentos.
“Alguns pontos me chamam a atenção, mas um deles se destaca: comida. Sim, da fatia de pessoas que mais consomem as apostas, a maioria, na prática, diminui seu acesso à alimentação, a fim de jogar mais, tentar a sorte e quem sabe galgar um bom valor financeiro. Sabemos o nome disso: vício em jogos de azar. A linha entre o gozo de jogadas esporádicas para o vício é tênue. Ainda mais com a enorme falta de educação, não apenas financeira, mas de base”, alerta Guilherme de Carvalho.
“Educação é urgente, além do mais, é estatisticamente comprovada a baixa assertividade por parte dos jogadores nos jogos de azar, logo, este dinheiro dispensado sai do bolso do trabalhador e vai para a conta da ‘bet’ em questão. O mercado financeiro, por maior que seja, é uma bolha. A grande ‘massa’ não sabe investir e se arrisca nas aventuras da promessa fácil e rápida, que é uma ilusão”, finaliza o representante da Ávila Capital.